Testemunhos

De traficante de drogas e mafioso a sacerdote graças a Medjugorje

Gabriel Paulino
Escrito por Gabriel Paulino em 18 de fevereiro de 2014

Ivan Filipovic em medjugorje

Ivan Filipovic se mudou para a Alemanha com 18 anos. Tinha ânsia pela liberdade embora não soubesse o que ela significava e acabou traficando e drogando-se com heroína. “Dormia nos melhores hotéis, trocava de carros e de garotas quando queria”, confessa Ivan. Até que foi a Medjugorje.

Ivan Filipovic foi chefe do narcotráfico em Frankfurt, Alemanha durante cerca de sete anos. Hoje, com quarenta anos é sacerdote católico. Sua incrível história pode ser encontrada no livro “Medjugorje” (editora Libros Livres). Abaixo transcrevemos um pequeno trecho:

– Padre Ivan, pode nos contar algo da sua vida ?

Desde pequeno fui um rebelde que andava em busca da “liberdade”. Nunca pude aceitar uma maneira normal de viver. Escola, faculdade, mulher, filhos, trabalho, carreira, férias na praia… me parecia muito pouco. Assim saí de casa muito cedo. Aos dezoito anos fui para a Alemanha em busca desta liberdade que tanto ansiava.

– O que esperava na Alemanha ?

A princípio nada, somente aventura. Ali conheci o mundo do crime, o mundo do dinheiro e a prostituição. Digamos que tudo o que o mundo oferece hoje. Muito rapidamente prosperei nas ruas. Com dezoito anos já ganhava muito dinheiro para viver.

– De que maneira ?

Eu comecei a mexer com drogas. Este dinheiro eu gastava em clubes privados e em uma vida que talvez muitas vezes os jovens sonhem em ter porque viram muitos filmes americanos. Eu dormia nos melhores hotéis, mudava de carros e de garotas quando queria.

– Quando começou a se drogar ?

Com quatorze ou quinze anos provei alguma droga leve. Mas foi quando comecei a vender heroína que comecei eu mesmo a tomá-la. E lhes digo que a heroína é a ruína.

– Fale-me de sua ruína

Quando me drogava, não fiquei em condições de trabalhar em nada mais. Era o meu estilo de vida. Música, concertos, clubes… eu tinha o meu mundinho… Mas logo chegou o fim de tudo isto. Eu tinha 25 anos e estava muito cansado da vida. Minha família sabia que eu me drogava. Eu tinha todo o corpo marcado, sabe ? Não tinh mais veias, e hoje, quinze anos depois, continuo sem tê-las.

– Conte-me sobre sua família

– Tenho dois irmãos que estiveram na guerra no meu país (Iugoslávia). Uma noite em que eu estava totalmente drogado, um deles se aproximou de mim e me disse: “Ivan, joga essas pílulas fora, tome um rifle e venha comigo para a guerra. Uma vez que você vai matar, pelo menos, morra como um homem “. Certo, então tirei todo o lixo que eu tinha e o joguei fora. Foi nesse momento em que eu decidi fazer algo com minha vida e entrei na Comunidade Cenácolo, uma comunidade de escola de vida em que os rapazes abandonam a droga através do trabalho e da oração. É Cristo que nos cura, não há nenhum substituto ou medicamentos.

– Como conheceu a comunidade Cenácolo ?

Tínhamos um primo que estava vivendo na casa que a comunidade tem em Medjugorje. No inicio entrei para descansar. Ficar alguns meses. Então conheci irmã Elvira, a fundadora da comunidade.
– Quando se conheceram?

– Quase dois meses depois de entrar no Comunità, precisamente, na capela da casa de Medjugorje, onde tinha ido em peregrinação. Irmã Elvira deu uma catequese.

– O que aconteceu nesta catequese ?

“Em um determinado momento ela nos perguntou quem queria ser bom. Tudo ao meu redor levantaram suas mãos, mas eu não consegui. Fiquei tão impressionado com a Irmã Elvira que não tive coragem de mentir e naquela noite não dormi. Eu chorei a noite toda. Saiu muita raiva, muita amargura. Naquela noite eu decidi que queria fazer o programa da comunidade até o final.. Eu acreditei na irmã Elvira. Eu finalmente encontrei uma pessoa em quem acreditar.

– Algo de muito forte ela teve que fazer ou dizer para que uma pessoa como você, dissesse que aquela freira italiana fosse a primeira pessoa no mundo em que você acreditasse de verdade.

Irmã Elvira disse naquela tarde que nós não sabíamos quem éramos, e isto me machucou. Eu me lembro que pensei: Esta freira o que diz ? Eu tenho 26 anos, como eles não sabem quem eu sou? “Ela disse que só então saberíamos quem somos, se tivéssemos a coragem de nos ajoelharmos diante de Jesus na Eucaristia.

Então eu passei a noite em lágrimas e no dia seguinte, fui à capela e disse: “Se é verdade o que a irmã diz, que eu não sei quem eu sou, e se é verdade que você está vivo na Eucaristia, eu realmente quero saber a verdade sobre mim, sobre quem eu sou. ” E posso dizer que, a partir daquele dia, com a ajuda de Jesus, comecei a olhar em meu coração e eu comecei a ver muitas coisas que não queria ver. Minhas mentiras, as injustiças, a sabedoria da rua que tinha acumulado ao longo dos anos.

Eu me lembro quando eu via as minhas fraquezas. Eu estava muito triste. Eu sentia um forte arrependimento e dizia: “Jesus, eu não quero ser assim, perdoe-me, ajuda-me”, e vivia a experiência do perdão de joelhos, tão fortemente que muitas vezes vinham com lágrimas, com sentimentos e pensamentos que vinham do coração. Eu aprendi que a oração não é apenas o que me ensinaram nas aulas de religião. Eu aprendi que através da Verdade diante mim mesmo, através do arrependimento, eu estava vivendo o perdão de Deus. Eu fui perdoado e amado por Deus. Compreendi que a oração influi na vida. Que a oração tem muita influência no meu relacionamento com as pessoas ao meu redor, e eu acreditei na oração. Acreditei neste Deus que tocou o meu coração.

– Foram realmente curadas todas as feridas de sua vida passada?

– A droga é um drama da vida. Na comunidade podem-se viver grandes experiências espirituais, mas a droga ainda é um grande drama. A droga torna o homem muito frágil. Digo-vos um exemplo. Quando eu tinha quatro anos na comunidade e muita experiência espiritual acumulada, Irmã Elvira me permitiu começar os estudos e fui para Pisa. Eu fui de trem para lá e quando eu desci do trem em Pisa, em dois minutos eu tinha uma imagem clara da estação. Eu reconhecia tudo. Eu reconheci a polícia civil, prostitutas e cafetões que as vigiavam, traficantes de drogas, os que buscavam drogas e os que não tinham dinheiro para comprá-las e precisavam roubar. Tudo isso em dois minutos. Tinha quatro anos fora do mundo, mas apenas dois minutos foram suficientes para ver tudo, porque em toda minha vida, expressões faciais, os olhos, a maneira que as pessoas fumavam, os movimentos, os passos … tudo foi memorizado profundamente em meu interior. Então eu percebi o quão frágil eu era, porque todo o meu passado estava memorizado.

Eu acho que aí está a fragilidade de um viciado. Nós aprendemos como escapar dos problemas, como escapar da cruz em um mundo ilusório. Nós memorizamos a sensação da cocaína, lembramos o que significa ter relações sexuais livremente com uma mulher… tudo o que está em nós e que é a fragilidade de um viciado. E apesar de todas as minhas experiências espirituais, essa vulnerabilidade ainda existe.

Salve Maria!

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